[depois de uma chuva que parecia que ia terminar com o mundo]
CENA 1:
Uma mulher entra no ônibus, ainda um pouco vazio, e já começa a falar sozinha [olhando para o senhor que estava sentado ao meu lado] sobre seu problema com a sombrinha. Dizendo que esta quebrou mesmo com pouca chuva e que agora iria começar tentar comprar sombrinhas importadas chinesas/japonesas, já que as nacionais não estavam prestando e eram somente R$ 5.
Então resolve ficar perguntando mil vezes se o ponto do ônibus era antes e depois da Praça da Savassi, citando todas as lojas, bancos etc que existem por lá. O senhor que estava ao meu lado, já sem graça e por educação, responde que é depois da Praça, em frente ao banco Itaú e ao lado da livraria Leitura.
Como não poderia ficar quieta [eu acho – ainda bem que eu estava lendo], resolveu falar que tentaria dar sinal antes da Praça e, quem sabe, o motorista pararia antes, pois era melhor para ela.
CENA 2:
O ônibus para em um ponto. Agora o diálogo após a entrada de vários estudantes [facilmente reconhecíveis com seus guarda-chuvas e milhares de livros, mochilas, bolsas, cadernos molhados]:
Mulher: São todos estudantes da Fumec?
Estudante: Sim.
Mulher: Você estuda lá? [não tinha acabado de perguntar?]
Estudante: Sim. [já sem paciência, em pé com a sombrinha molhada – a pasta eu estava segurando]
Mulher: Gosto muito de pegar ônibus. Antes eu estudava e trabalhava ao lado de cada, então fazia tudo a pé. Não tinha nenhuma graça.
Estudante: É mesmo? [pra que foi dar idéia?]
Mulher: Realmente é muito bom, quando está cheio a gente pode interagir com as pessoas, conversar, saber dos outros.
[e continuou falando sozinha]
Mulher: Onde estamos? Na Bias Fortes? É, este ônibus vai pela Cristóvão Colombo e tem um ponto depois da Praça da Savassi, mas vou tentar dar sinal antes..... blá, blá, blá
Dedico minha volta para casa hoje, de bus, ao meu amigo Daniel e “adora” tudo o que acontece nesses coletivos
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